Deputados medeiam conflitos de trabalhadores e patrões em Belo Monte
Os deputados federais Laércio Oliveira e Sebastião Bala Rocha da Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público e o deputado Lira Maia visitaram os canteiros de obra da Usina de Belo Monte, na Volta Grande do Xingu, em Altamira do Pará. O objetivo foi mediar o conflito entre o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) e os trabalhadores que continuam em greve por não terem suas reivindicações atendidas.
A paralisação começou no dia 23. A greve foi decretada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8ª Região no dia 25. No dia 27, a liminar foi suspensa temporariamente a pedido do Consórcio Construtor Belo Monte até o dia 1º de maio, mas os trabalhadores continuaram a greve.
Laércio Oliveira, autor do requerimento solicitando a visita a Belo Monte, fez um balanço positivo da ação. "É muito importante a comissão estar presente para mediar problemas entre trabalhadores e patrões como aconteceu em Belo Monte. Participar dessas reuniões foi fundamental para a Comissão entender as razões do conflito", disse.
O presidente da Comissão do Trabalho, Sebastião Bala Rocha afirmou que é possível que uma decisão definitiva sobre esse impasse passe por Brasília. "Temos deputados da base sindical, outros ligados ao governo e também deputados que são próximos às empresas", disse o parlamentar colocando a Comissão à disposição do Sintrapav/PA (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará).
Ao todo são 6800 trabalhadores em greve. Só estão funcionando os serviços essenciais como limpeza e cozinha. Eles reivindicam reajuste da cesta básica de R$ 95 para R$ 300, e a redução do período de seis para três meses para visita a família. A Justiça do Trabalho considerou a greve ilegal porque o acordo coletivo firmado ano passado ainda está em vigor e não está sendo descumprido.
"Estamos a seis meses no meio da floresta, comendo e trabalhando, sem ver nossas famílias. Não sabíamos que as condições eram essas. Em todas as outras obras aqui da Região Norte as pessoas têm direito de ir pra casa a cada três meses. Contamos com a ajuda dos deputados porque não temos mais a quem recorrer", afirmou Valdir Almeida, da comissão trabalhista do Sintrapav.
O presidente do Sintrapav, Geovane Rezende, afirmou que os trabalhadores querem a mesma remuneração das obras da hidrelétrica de Jirau (no rio Madeira, em Rondônia), de onde virá grande parte dos trabalhadores que serão contratados para Belo Monte. Segundo ele, é preciso também garantir condições mínimas de trabalho. "Os alojamentos são de lona e de péssima qualidade, com quatro pessoas por quarto, dormindo em beliches e os banheiros de contêiner. A obra não disponibiliza nem a lavagem dos uniformes e os trabalhadores que saem dos alojamentos às 4h30 da manhã e só retornam as 19h, não tem tempo de lavá-los", afirmou. "Não é justo que os trabalhadores tenham o mesmo tipo de atividade, mas com remunerações diferenciadas em relação a outras obras", comentou Laércio.
A CCBM informou que algumas reivindicações já foram atendidas. Eles levaram os parlamentares para conhecer os novos alojamentos que estão sendo construídos e informaram que eles terão ar condicionado e que sinal de celular e internet é uma questão de tempo.
A obra
Em Belo Monte está sendo construída a maior usina hidrelétrica 100%nacional, com 11.233 MW de potência instalada. É da mesma ordem de grandeza que Itaipu, que pertence ao Brasil e ao Paraguai, e que possui 14.000 MW de potência instalada.