Jornal da Cidade destaca Mandato de Laércio Oliveira
Deputados sergipanos não são ruins
Numa empresa privada, o empregado vale o que trabalha. Sua produtividade dentro do ambiente profissional é um dos fatores principais para a definição do seu salário. É claro que outras coisas também contam: hoje os chefes querem funcionários proativos, com boa formação escolar, que participem mais, que ajudem a pensar a empresa, que sejam criativos e "vistam a camisa" da marca. Essa é a realidade hoje na maior parte do mundo.
Mas, uma das exceções é o mundo da política no Brasil, onde os eleitores teimam em eleger representantes despreparados, desinteressados no exercício das suas funções, que votam acompanhando as marés das lideranças partidárias, sem compreenderem bem o processo legislativo e a importância de cada lei para o povo. E, pior, continuam sendo eleitos parlamentares que não trabalham, que gastam as suas semanas de três dias frequentando o parque de diversões adultas que é a noite brasiliense, sem apresentar projetos, sem realizar discursos, sem defender pontos de vista.
Prova da força que tem essa bancada do "nada faz" é que no início do mês, durante uma sessão com poucos presentes, a Câmara Federal aprovou um Projeto de Resolução (o tipo de proposta que regula o regimento interno da Câmara) que oficializou a já popular semana de três dias. A proposta alterou o regimento, que previa a realização de sessões ordinárias durante os cindo dias da semana, e agora elas só poderão ser realizadas às terças, quartas e quintas. Ou seja, projetos só poderão ser votados nestes três dias. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), chegou a afirmar que o ato equivaleria à "oficialização da gazeta".
Sergipanos
Felizmente, nesta questão o pequeno estado de Sergipe é bem representado. Como diria Carivaldo Souza, da Federação Sergipana de Futebol, entre os piores nós somos os melhores. Pelo menos é o que mostram os números. Os oito deputados federais eleitos por Sergipe tem apresentado uma razoável força política, ocupando lideranças de partido, integrando comissões importantes e estando na linha de frente em temas e projetos de repercussão nacional. Além disso, não é ruim a produção legislativa e a atuação em plenário dos deputados. Vamos aos números.
Levantamento realizado com exclusividade pela coluna apurou quantos discursos e quantas propostas cada deputado federal sergipano realizou durante este ano. Vale destacar que grande parte das propostas apresentadas pela nossa bancada são de projetos antenados com a realidade do nosso estado e com os debates que se verificam por aqui. Nada de ideias personalistas e esdrúxulas, o que também é bom.
Destaque
O deputado federal Laércio Oliveira (PR) pode ser considerado o destaque do Estado. Na Câmara Federal ele foi o representante sergipano que mais apresentou projetos de lei: foram 20. Laércio realizou 26 discursos na tribuna da casa e apresentou 78 proposituras, entre requerimentos, indicações e emendas. Entre os projetos de sua autoria está um que proíbe a mudança de domicílio eleitoral no ano da eleição e outro que aumenta a multa para o motorista que dirigir alcoolizado.
Já o campeão dos discursos foi o deputado André Moura (PSC). Ele foi à tribuna 68 vezes, sendo o mais falante entre os sergipanos. Vale ressaltar que muitas vezes discursos não tem muita importância prática, mas em diversos casos eles servem para firmar um posicionamento político, fazer uma cobrança ao governo ou apresentar uma necessidade do estado. Além do palavrório, André apresentou 27 propostas, das quais oito são Projetos de Lei.
Os dois deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) também apresentaram um bom trabalho. Márcio Macêdo protocolou 47 proposituras (13 Projetos de Lei) e fez 65 discursos. Boa parte da sua atuação envolveu temas ligados ao meio-ambiente. Já Rogério Carvalho Carvalho criou 33 propostas (12 Projetos de Lei), sendo que várias delas focando a sua área de atuação (onde experiência de gestor possui doutorado): Saúde.
O oposicionista Mendonça Prado (DEM) também trabalhou bem na capital federal, representando os ideais do seu grupo. Na vice-liderança do DEM, Mendonça também teve forte atuação na área da Segurança Pública (bandeira relativamente nova, que ele assumiu como parlamentar). Discursou 26 vezes e apresentou 46 proposituras (quatro Projetos de Lei).
Heleno Silva (PRB), que no final do ano deixa a vida de parlamentar para administrar o município de Canindé do São Francisco, dedicou boa parte do seu trabalho em Brasília na defesa de temas ligados ao sertão e à seca. Apresentou 26 proposituras e fez 50 discursos. O jovem Valadares Filho (PSB), que focou o esporte e a juventude na sua atuação fechou com 20 propostas e 16 discursos.
Já a atuação mais pobre neste ano de 2012 foi a do deputado federal Almeida Lima (PMDB), que realizou apenas cinco discursos e apresentou um projeto. Muito aquém do parlamentar que outrora conseguiu muito espaço na imprensa por conta de polêmicas ou da ocupação de postos importantes como a presidência da comissão do Orçamento. Talvez a participação na eleição municipal de Aracaju tenha lhe tirado o foco.
Quantidade de discursos e projetos não são determinantes para definir se o trabalho de um deputado foi bom ou não. Um parlamentar pode subir diversas vezes à tribuna apenas para cansar o ouvido dos poucos que lhe ouvem, falando abobrinhas, ou apresentar projetos sem nexo. Felizmente, não é o caso dos sergipanos. Aliás, vale lembrar que o ano ainda não se encerrou e que apesar de acabar na metade de dezembro para os deputados, há tempo para correr atrás e produzir um pouco mais, defendendo o interesses de Sergipe.
O trabalho dos deputados em 2012
Deputado/ Propostas/ Discursos
André Moura (PSC)/ 27/ 68
Almeida Lima (PPS)/ 5/ 5
Heleno Silva (PRB)/ 26/ 50
Laércio Oliveira (PR)/ 78/ 26
Márcio Macedo (PT)/ 47/ 65
Mendonça Prado (DEM)/ 46/ 26
Rogério Carvalho (PT)/ 33/ 28
Valadares Filho (PSV)/ 20/ 16
Por Max Augusto
Jornal da Cidade