O Senador do Emprego

A escravidão só acabou nos livros de História

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Agora em julho, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou um dado alarmante: nos primeiros sete meses do ano, 1.492 pessoas foram libertadas do trabalho escravo no país. O MTE informou que, entre 2003 e 2008, 26.890 trabalhadores foram resgatados dessa condição aviltante.

Como se sabe, a escravidão contemporânea não se dá pelo uso de grilhões. Grande parte das vítimas é levada a esse quadro por intermédio de endividamento forçado, extorsão e, literalmente, roubo, com a manipulação de preços de alimentos, vestuário e até de ferramentas, cuja compra é obrigatória nos estabelecimentos “empregadores”.

O problema está longe de circunscrever-se ao Brasil. Conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 12,3 milhões de pessoas em todo o mundo são vítimas do trabalho forçado. América Latina e Caribe contribuem com quase 1,4 milhão para tal vergonhosa estatística. Globalmente, ainda segundo os dados da OIT, crianças estão entre 40 e 50% do universo atingido. Mulheres e meninas lideram a “exploração econômica forçada”, com 56% dos casos, percentual que sobe a 98%, quando se trata de “exploração sexual comercial forçada”.

Em junho passado, participei, como conselheiro técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), da 98ª. Reunião da Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, Suíça. Um dos temas centrais do evento foi justamente a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório.

Como se vê, institucional e mundialmente, atenções se voltam a extirpar essa mancha das relações humanas. Trata-se, contudo, de uma tarefa difícil, a demandar colaboração de toda a sociedade civil. A OIT estima que os rendimentos oriundos do tráfico destes escravos modernos estejam em torno de US$ 31,6 bilhões. É muito dinheiro – como no passado dos navios negreiros, auferido à custa do sofrimento alheio, de forma desumana, sem honra e numa lógica mercantil alicerçada no mais visceral desrespeito à vida e à liberdade.

Como presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Ambiental (FEBRAC), categoria patronal que opera com seus trabalhadores tendo 100% de seus direitos garantidos, sinto-me à vontade para fazer aqui uma conclamação. Precisamos dar um basta nesse absurdo, denunciando às autoridades qualquer relação dessa natureza de que tenhamos conhecimento. É preciso ainda se cobrar da Justiça punição exemplar aos que perpetram e alimentam esse tipo de “negócio”. Cadeia e indenização aos prejudicados.

É inadmissível que continuemos a observar passivamente tamanha barbárie.

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