Comissão da Câmara debate trabalho escravo
A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público realizou audiência pública para discutir denúncias de trabalho escravo promovido por empresas de confecção. A autoria da audiência foi do deputado federal Laércio Oliveira (PR/SE). Foram convidadas a participar as lojas Zara, Marisa, Casas Pernambucanas e Collins. Somente a Zara mandou um representante, o diretor Jesus Echevarria, que expôs o Código de Conduta. "Como membro titular da Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público, tenho que buscar relações de trabalho saudáveis. Esse problema de servidão por dívida é muito grave e precisa ser combatido", afirmou o parlamentar.
Segundo a presidente Sindicato de Confecções de São Paulo, Eunice Cabral, as investigações descobriram que em uma das fornecedoras da grife ,o dono recebia R$ 7 por peça, enquanto os trabalhadores recebiam R$ 2 a R$ 3 reais por item costurado, em média. A maioria dos escravizados são bolivianos e descontam casa, comida e transporte do salário, têm uma jornada excessiva de 16 a 18h por dia. Há famílias vivendo em residências coletivas, onde eles também trabalham em condiçōes precárias. Inclusive nessas residências tem registro de violência sexual, porque vivem várias famílias numa mesma casa.
Auditora-Fiscal da Superintendência Regional do Trabalho /SP, Suêko Cecilia Uski, informou que bolivianos trabalham os primeiros meses só para pagar o transporte e taxa de imigração e não conseguem mais voltar para seus países. "A empresa coloca sua marca sem saber como as roupas são produzidas", informou.
O diretor da Zara, Jesus Echevarria, expôs o Código de Conduta da empresa que segundo ele "tem respeito pelas pessoas, sem distinção de qualquer espécie, respeito à liberdade, aos direitos fundamentais, ao trabalho digno, aos direitos trabalhistas e a justa remuneração pelo trabalho", disse acrescentando que o dano não foi criado pelo grupo e estão trabalhando para que o problema não se repita.
Laércio Oliveira disse que como deputado federal vai continuar fiscalizando esses problemas, mesmo se eles acontecerem com estrangeiros. "Não quero saber de que países eles são. Eles são seres humanos", concluiu.