Laércio debate geração de empregos durante a Copa
A Federação Internacional de Futebol (Fifa) vai ofertar 18 mil vagas de trabalho voluntário na Copa de 2014. Preocupado com a não remuneração dessas pessoas, o deputado federal Laércio Oliveira solicitou a realização de uma audiência pública para debater o tema. "Eles irão trabalhar cerca de dez horas diárias, recebendo apenas uniformes e alimentação", disse Laércio. A reunião foi realizada pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, sob a presidência do parlamentar.
Ao todo deverão ser gerados pela Copa do Mundo, 330 mil empregos permanentes e 380 mil temporários, além dos voluntários. Para o deputado, é preciso apurar se o recrutamento de voluntários pela Fifa configura ou não um artifício para evitar o pagamento de mão de obra e de direitos trabalhistas.
"O serviço voluntário tem nexo causal com o bem comum, em que instituições, normalmente do terceiro setor e sem fins lucrativos, são movidas principalmente pela motivação pessoal. Não me parece que os interesses em jogo em uma Copa do Mundo, que movimenta bilhões de dólares, possam ser enquadrados no serviço voluntário nos termos da Lei 9.608/98", contrapõe Oliveira.
O representante da Central Sindical, Daniel Alexandre Ferreira questionou a qualificação do pessoal que vai prestar serviço voluntário para atender os milhões de turistas que chegarão ao país.
A secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho, Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque, afirmou que haverá qualificação desse pessoal. "Assim a copa servirá como um aprendizado e os ajudarão a ingressar no mercado de trabalho após a Copa", respondeu.
Segundo o representante da Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Ambiental, Erminio Alves Neto, o Brasil deveria dar exemplo ao resto do mundo no sentido de acabar com o uso de trabalho voluntário na Copa do Mundo, principalmente nos países mais pobres. Na opinião dele, o Poder Público trata de maneira diferente a Fifa e as companhias nacionais. "As empresas no Brasil são cobradas demais pelo Ministério do Trabalho e pelo Ministério Público para registrar os funcionários, e ainda temos de competir com os produtos da China. Não é justo que uma entidade que tem um lucro absurdo, como a Fifa, não pague sequer os salários para 18 mil trabalhadores e a empresa brasileira seja fiscalizada violentamente pelo Estado", argumentou.
Ao encerrar a reunião, o deputado afirmou que o principal objetivo é discutir para que não haja nenhum mal uso desses serviços. "Muitos jovens tem a esperança de ficar perto dos ídolos, assistindo aos jogos. Mas isso não vai acontecer porque a maioria deles ficarão bem longe dos estádios. E isso, com certeza vai gerar uma grande frustração e problemas futuros na Justiça", disse o parlamentar.