Laércio defende em seminário da FGV o aumento da produção de gás natural para que o Brasil se torne autossuficiente
O senador eleito Laércio Oliveira está no Rio de Janeiro, onde é um dos palestrantes do X Seminário sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira, promovido pela FGV. Em seu discurso, ele destacou que que o mundo estava focado na transição para uma energia mais limpa, mas após a pandemia e, principalmente, a partir do início da guerra da Rússia com a Ucrânia, a questão da segurança energética passou a ter tratamento prioritário e defendeu que o país deve ser autossuficiente.
“Na COP27, realizada recentemente no Egito, o que se viu foi a crise energética vencer a ambição climática, tendo a segurança no abastecimento falado mais alto, a ponto de até mesmo a proposta de redução do uso do carvão não ser contemplada no texto final dessa Conferência do Clima, promovida pelo ONU. O documento da COP27 trata da transição para energias renováveis e sistemas de energia de baixa emissão, como forma de resolver a atual crise energética, deixando espaço para que o gás natural esteja inserido nas estratégias de descarbonização”, explicou o parlamentar.
Ele ressaltou a importância do gás natural como o combustível da transição energética, por ter um teor mais baixo de carbono, dentre os combustíveis fósseis, e poder atender às necessidades de suprimento de energia nos momentos de queda de produção das fontes renováveis, dada à sua característica de intermitência da geração, dependente de fatores naturais como ciclos de chuvas, ventos e ensolação.
Laércio explicou ainda que o gás natural é considerado como o combustível da integração energética capaz de estar presente em diversas alternativas de suprimento energético, inclusive na produção do hidrogênio azul, servindo também como matéria prima, na produção de fertilizantes nitrogenados e na petroquímica. “Diante de todo esse cenário, venho aqui defender um outro conceito que entendo que deveremos perseguir: a total independência energética do Brasil”.
Segundo o senador eleito, o Brasil hoje é importador de gás natural da Bolívia, cuja produção é decrescente e a entrega de volumes contratados não é segura, e do GNL importado, que tem enorme volatilidade de preços, expondo por demasia todo o mercado consumidor interno. “Estou aqui a defender um aumento da produção nacional de gás natural, de forma a tornar o Brasil autossuficiente e talvez até mesmo passar a ser exportador de GNL.
Nesse propósito, precisamos crescer a produção nacional. Assim, importante entender a questão da reinjeção do gás natural nos poços de petróleo, de forma técnica, transparente e livre de preconceitos, buscando identificar os volumes que poderiam deixar de ser reinjetados e passarem a ser escoados, criando estímulos para que maiores volumes de gás nacional sejam trazidos para atender o mercado interno”, disse.
Ele lembrou que tem participado de discussões sobre essa questão, desde a época em que atuou como relator da lei do gás. “Encaminhei solicitação de sugestões a diversos agentes do mercado, já apresentando algumas ideias que estamos discutindo, e estou recebendo as devolutivas. Desejo, ainda este ano, consolidar essas propostas e apresentar um projeto, que estamos chamando de PRO ESCOAR, esperando contar com o apoio da maioria dos setores envolvidos na cadeia do gás natural e, dessa forma, ter condições de tramitar de forma célere no parlamento”, disse.
“Na realidade estamos em um momento de rediscussão da matriz energética nacional, sempre objetivando a diminuição das emissões de carbono, de forma a reduzir o efeito estufa e consequente aumento da temperatura no planeta. Acredito que o gás natural terá um papel importante nesse processo e, portanto, devemos aproveitar a janela de oportunidade para desenvolver a sua produção, sob pena de deixarmos essa enorme riqueza no subsolo para sempre.
Assim, no projeto devemos também buscar estimular o consumo do gás natural criando âncoras de consumo firme, além das usinas termelétricas, visando uma consolidação do mercado, vislumbrando a implantação de novas unidades de fertilizantes nitrogenados e a substituição do óleo diesel em caminhões e ônibus como alternativas importantes para esse propósito”, explicou.
Energia limpa
Ele destacou também em seu discurso que o mundo vem trabalhando no propósito de alcançar as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa, em conformidade com o Acordo de Paris, buscando diminuir a variação de temperatura do planeta nos próximos anos.
Ressaltou ainda que Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, por conta da enorme produção de energia hidroelétrica e da crescente participação das energias solar e eólica. “Teremos muitos avanços tecnológicos que certamente contribuirão para dar um maior impulso a esse processo de desenvolvimento de novas soluções energéticas, com a produção de biocombustíveis, energia eólica offshore e hidrogênio verde e a combinação entre todos eles, possibilitando que o Brasil tenha um papel relevante no processo de descarbonização, podendo, inclusive, vir a ser um exportador de energia. O Nordeste do Brasil certamente terá uma grande participação nesse processo”, avaliou.